Jovens em busca de oportunidades são atraídos com ofertas de emprego dos sonhos. Uma companhia de tecnologia prometia salário salto e bons benefícios. No entanto, esses jovens cheios de esperanças acabam sendo cativados por centrais especializadas em fraudes online com criptomoedas, como o KK Park. Eles são forçados a trabalhar sob ameaças e torturas, a serviço de organizações criminosas globais.
De acordo com as informações veiculadas pelo g1, mais 100 mil indivíduos estão confinados nos centros de fraude online em Mianmar, segundo cálculos da Organização das Nações Unidas, vivendo em condições análogas à escravidão. Deste modo, relatos de resgatados do KK Park indicam que os estrangeiros aliciados foram obrigados a aplicar fraudes cibernéticas em vítimas ao redor do mundo.
Continue lendo nosso conteúdo para saber mais sobre essa fraude humanitária.
O que é a KK Park?
Em um relatório de outubro de 2024, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) descreveu as “fábricas” como a KK Park como “frequentemente” cercadas por muros altos com arame farpado ao seu redor e resguardado por seguranças armados, em Mianmar. Marcada pela sua fragilidade institucional, a região abriu precedentes para que grupos criminosos, alguns de origem chinesa, ocupassem o local com as suas operações clandestinas.
O complexo de cinco prédios, conforme a relatos das vítimas para a equipe investigativa da DW, é uma “fábrica de golpes” na qual estrangeiros são cativados por falsas oportunidades de emprego, e posteriormente, obrigados a aplicar fraudes cibernéticas por meio de perfis falsos, enganando cidadãos da Europa, China e Estados Unidos. Esses indivíduos recebiam instruções detalhadas sobre como praticar golpes e convencer “clientes” a investir em criptomoedas.
Como funciona o esquema de fraudes online chamado “abate de porcos”?
Esse tipo de golpe online é conhecido como “pig butchering” ou “abate de porcos” em português. No qual os golpistas “engordam” suas vítimas e logo em seguida as levam para o “matadouro”. Ou seja, ao prejuízo.
Assim que chegavam ao KK Park, os indivíduos recebiam instruções detalhadas sobre como aplicar os golpes. Os manuais fornecidos no centro explicavam, minunciosamente, como estabelecer confiança para explorar os pontos fracos das vítimas.
À vista disso, as vítimas eram induzidas a acreditar que estavam investindo suas economias em oportunidades promissoras. No entanto, o dinheiro entrava em contas controladas pelos golpistas. Assim, após atingir um valor específico, as contas eram zeradas, deixando as vítimas sem nada.
Além disso, havia metas semanais impostas aos “agentes de venda”, que deveriam arrecadar uma quantia determinada ou entrar em contato com um número específico de “clientes”. Aqueles que não atingissem as metas eram punidos.
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Brasileiros estão entre as vítimas
Segundo relatos, as vítimas trabalhavam 17 horas por dia, sem feriados, descanso ou possibilidade de reclamações. Entre as vítimas de tráfico humano, estão dois brasileiros, ambos homens, com idade de 31 e 26 anos, que também foram atraídos pelas falsas promessas de emprego.
A ONG internacional The Exodus Road viabilizou a operação que resgatou os brasileiros e outros imigrantes. De acordo com o levantamento do jornal O Globo, outros oito brasileiros ainda estão sendo explorados.
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Outras fábricas de fraudes online
Ainda segundo a investigação da DW, os soldados que policiam a KK Park são um grupo de ex-rebeldes que abandonaram a junta militar birmanesa há uma década. Contudo, os chefes da operação são chineses.
O esquema de pagamentos funcionava da seguinte forma: a trilha de pagamentos das vítimas de fraude levava até as carteiras de criptomoedas utilizadas pela KK Park para coletar as economias. Após isso, o dinheiro era distribuído para outras carteiras e contas digitais que armazenam criptos. Uma delas pertence a Wang Yi Cheng, um empresário Chinês que reside na Tailândia, que recebeu dezenas de milhares de dólares em criptomoedas de carteiras usadas pelo KK Park, incluindo carteiras diretas geridas pela fábrica de fraudes tailandesa, Wang era vice-presidente da Thai-Asia Economic Exchange Association.
A KK Park é apenas uma das dez fábricas de fraudes online na região. Assim, suas operações fazem parte de uma rede de firmas e associações usadas por criminosos para legitimar seus crimes e “lavar” milhões em capital originado de fraudes.
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